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09/10/2010

Em resposta ao artigo intitulado: A Costa do Cacau em busca de um destino

Antonio Martins

Tenho que reconhecer que o nobre jornalista tem o dom de saber escrever muito bem chega a ser lúdica a formatação do texto, de acordo com o pedido do freguês, melhor seria se estivesse embasado em informações verdadeiras ou quem sabe numa pesquisa ouvindo in loco todos os posicionamentos ou uma busca bibliográfica mais rica.
Para melhor entender click aqui   A COSTA DO CACAU EM BUSCA DE UM DESTINO

Por * Ed Ferreira

(local ao fundo onde será a retro área do terminal portuário)
Na primeira etapa de seu artigo quando você cita “ uma celebração dionisíaca de fertilidade e saberes”. Basta sabermos se mais para comédia ou tragédia?
Realmente temos o privilégio de ter um dos recantos mais belo de todo o Brasil,mas citar que “ Mar adentro, fervilha a maior área de recifes coralinos de todo o Atlântico Sul”. Meu nobre Jornalista, de acordo com boletim informativo trimestral ano 3/ n. 20/ abr-mai-jun 2009 do Instituto de Oceanografia em seu Diário de Bordo, na qual há esta citação se referindo a Abrolhos na verdade o único local em que você pode encontrar vestígios de estudos de corais do Sul da Bahia é na UFBA. .
Em que obra esta citada que existem “cerca de vinte espécies endêmicas de peixes no mar de Ilhéus? Até então não temos na região uma estatística de pesca verdadeira, pois só a partir do funcionamento do terminal pesqueiro de Ilhéus e Salvador,que já se encontram em construção, passaremos a controlar as espécies aqui encontradas. Nesse momento em que escrevo estas linhas, aqui na frente de ilhéus, mesmo sob o rigor do defeso, os arrastões arrasam o fundo do mar na pesca do camarão, exterminando a fauna e flora marinha, pergunto cadê os preocupados com o meio ambiente?. Vê-se logo que o Sr. Não tem intimidade com nossa realidade, esta a exaltar os fatos na tentativa de influenciar a opinião pública para uma causa que diz muito mais respeito a população que aqui vive. É preciso também esclarecer que a única pesca oceânica de fama que aqui existe é nas proximidades do mar de Una/Canavieiras, onde duas vezes por ano os milionários pescadores do Marlim-azul (Makaira nigricans),se hospedam no Hotel transamérica e vão a caça do peixe mais cobiçado da pesca oceânica, veloz, briguento, com seu dorso azul-cobalto e seu bico assustador, o Marlim Azul virou símbolo de tudo que o mar tem de desafio, mistérios e aventura e é exibido como troféu pelos semelhantes caçadores do leão na África.

Os nossos manguezais, da barra do Sargy até a barra do Acuipe, estão comprometidos por falta de uma ação mais severa das autoridades. Hoje poucos servem para a função de reprodução de espécies que utilizam este ambiente para sobreviver e perpetuar suas espécies .
(Manguezal do Mamoã)
Outro ponto que não posso deixar de comentar é quando você cita “ 7 mil pescadores artesanais.” Se somarmos todos os pescadores artesanais e marisqueiras que realmente dependam da pesca este número esta bem distante da realidade. É chegado o momento de realizarmos de fato um cadastramento dos verdadeiros pescadores e marisqueiras, o que temos hoje é um quadro manipulado com fins eleitoreiros que usam os repasses do Governo Federal do Seguro Defeso para beneficiar pessoas que não tem nenhuma relação com a pesca, prejudicando os verdadeiros pescadores existentes.

Existem várias unidades de conservação em nossa região, seria um grande avanço se quando criadas fossem dadas a estas toda infra-estrutura necessária para funcionar  . No entanto, temos vários exemplos que ao ser criada tornou-se mais vulnerável a exemplo do Parque Estadual da Serra do Conduru, responsável pela fama de maior biodiversidade vegetal em 2004. Hoje este mesmo parque completa 13 anos e os proprietários ainda não foram indenizados, tornou-se presa fácil para caçadores e madeireiros que dia -a- dia depredam o que deveriam estar sob proteção. E neste mesmo lugar, na vila de Serra Grande que pertence ao município de Uruçuca que grupos imobiliários,especuladores de terras compram terras no entorno do parque para vender a estrangeiros a imagem de turismo contemplativo em praias paradisíacas . Estes são os principais opositores do complexo intermodal que sob a fachada de preocupação com as comunidades tradicionais vão se chegando comprando terras e sintomaticamente expulsando os pequenos produtores de suas terras,numa espécie de “Neocolonialismo”.
(Área do Empresário Guilherme Leal-Serra Grande)
A Área de Proteção Ambiental (APA) da Lagoa Encantada, tão usada pelo movimento que se opõe como símbolo, jamais recebeu a devida atenção. Hoje a realidade no seu entrono é de pastagens que avançam sob o manto ribeirinho da Lagoa. No interior de suas águas os predadores como tucunaré amazônico (Cichla ocellaris) e o bagre africano (Aquamonstrus devastadorus) exterminam as espécies nativas. A vila de Areias foi formada por ocasião de uma enchente no Rio Almada, quando a Vila de Laranjeiras, formada principalmente de trabalhadores rurais, fora invadida pela águas do rio almada <catucadas.blogspot.com/2009/03/trintanos-de-areias> e a Prefeitura os transferiu para as margens da Lagoa. Não há nenhuma infra-estrutura para suportar os seus mais de 600 habitantes, . Há mais equívocos em seu texto quando faz referência a história do cacau e da região, ao se basear mais nas ficções de Jorge Amado do que nos livros Silva Campos, Gregório Bondar,Leo Zehntner,Inácio Tosta e outros, distorcendo a essência da realidade. Não podemos misturar História com estória.


(Lagoa encantada e seu entorno-Área considerada santuário ecológico-Desprezada há muitos anos)
Quando você cita a polêmica de 25 de Abril de 2010, onde supostamente um conjunto de organizações da sociedade civil promoveu um abraço à Lagoa Encantada em protesto. Na verdade tratou-se de pessoas e organizações fora do nosso eixo regional, muitas delas ficou comprovado que nem permitiu que seu nome fosse citado em documentos soltos na mídia. Um circo armado pelos representantes da Natura e orquestrada pela ONG Floresta viva, a qual ficou incumbida de pagar o transporte destas pessoas e a alimentação. No mês seguinte foi dada a resposta quando a verdadeira sociedade civil organizada promoveu uma passeata pelo centro de Ilhéus com mais de 10 mil pessoas e finalizando com discursos de políticos e representantes da sociedade defendendo o desenvolvimento regional de uma forma justa e ambientalmente sustentável. Na construção do seu artigo, você não procurou ouvir as pessoas que estão envolvidas com a defesa dos investimentos estruturantes para esta região ficando bem claro o aspecto antidemocrático da parcialidade.

Outro equivoco são os supostos estudo-manifesto realizados por um gueto suspeito de neo-ambientalistas que não tem prática empírica baseiam-se nas academias e esquecem de colocar na prática. Trazem jovens da Holanda para discutir e encontrar alternativas para a região e esquece-se de convidar os verdadeiros interessados, se baseiam nas teorias de é um economista polonês, naturalizado francês. Também é referido como ecossocioeconomista, por sua concepção de desenvolvimento como uma combinação de crescimento econômico, aumento igualitário do bem-estar social e preservação ambiental.

Uma teoria que se baseia em produtos e serviços ligados aos saberes, cultura, comunicação, afetos e território. Propostas como estas que começam a surgir na verdade vem somar com as obras estruturantes, são propostas que requer anos de estudos e identificação dos traços de cada povo e são de médio a longo prazo, já estamos atrasados desde 1818, quando de fato o cacau se tornou comercialmente rentável nas margens do Rio Cachoeira e Almada. Fala-se tanto em turismo qualificado para explorar nossas belezas naturais¸mas o que se percebe na prática são grupos financeiros que tem acesso as instituições para adquirir financiamentos e aqui construir campos de golfes que não saem do papel e os poucos que conseguem construir emprega muito pouca gente da terra e funcionam três meses no ano e enviam seus lucros para as matrizes. A grande maioria dos turistas que chegam a Ilhéus usa a cidade como dormitório e seguem para outros destinos, mas erroneamente é computado como visitante de Ilhéus. O nosso maior movimento e que realmente trás mais dividendos são os turistas de veraneio que alugam casas com toda família ou pequenas pousadas e por aqui consomem durante 8-10 dias, precisamos sim de políticas para auxiliar e orientar estes turistas. Eles vêem de Minas, Goiânia, Brasília e de vários outros destinos do oeste baiano. O cacau tem 182 anos a partir da produção ativa em 1818 até os dias de hoje. Todos os demais países plantaram cacau da variedade criollo e forasteiro que dão origem ao cacau fino¸sem adstringências, só agora depois de tanto tempo é que iniciou o processo de cacau fino e o orgânico com objetivo de agregar valor, mesmo assim esta longe deste processo atingir os pequenos produtores familiares. São propostas bem intencionadas mais fadadas ao fracasso em função de novos paradigmas. Uma proposta como esta requer o envolvimento das instituições governamentais, privadas, todos alinhados em uma só meta.
Que sentido haveria, então, em insistir no Porto Sul?

Esta claro que todos admitem da importância de escoar os produtos agrícolas e minerais por via férrea/porto - uma integração. Mas enquanto o grupo que se opõe tenta encontrar alternativas milagrosas e fora do contexto, mesmo que com isto sobrecarregue uma área que já se encontra abarrotada como Aratu, em detrimento de outras regiões da Bahia. Precisamos descentralizar da grande Salvador toda geração de riqueza para evitar os mesmos erros do passado com o cacau. A necessidade de atrair um complexo intermodal para esta região não se trata simplesmente de gerar empregos diretos e sim de um conjunto em rede de pequenas e médias empresas que atuam em sintonia direta e indiretamente adequando-se também aos aspectos sociológicos e as demandas das comunidades que aos poucos se encaixam às novas transformações sem perder os vínculos culturais.

Uma região que segundo seu texto possui santuários ecológicos (Lagoa Encantada e Parque do Condurú), mas sempre foi deixado à margem por todas as esferas de poder e das organizações não governamentais, estas só se interessa em lutar contra ou a favor quando há o interesse econômico falando mais forte. Pesquise e veja qual foi a denuncia que a ONG Floresta viva fez denuncias contra a depredação que vem sofrendo o Parque do Condurú?; qual o trabalho desenvolvido junto às comunidades para conscientizá-las sobre a importância dos Manguezais e do perigo de construir dentro do mesmo?. Mas bastou surgir uma dúvida sobre as irregularidades na área de Guilherme Leal, para que todos aqueles que se opõem ao Complexo saíssem em sua defesa .

É verdade que a consciência ecológica nesta primeira década do século XXI está bem mais alicerçada, porém com uma leitura equivocada pelo radicalismo que acaba destoando o conceito de sustentabilidade. De nada adianta criarmos uma sociedade de consciência ambiental para ser manipulado por grupos que tem como fim o famoso capital. Este grupo ao qual me refiro se encontra em todos os lugares e estão sempre a serviços de empresas ou do capital, preparando o campo, disfarçando os atos. Conseguem envolver os jovens desde a universidade, mostrando uma só linha de raciocínio, sem viés para o diálogo. Vejam o exemplo do Greenpeace em relação ao desastre ecológico do golfo do México.

Propagam o estudo-manifesto que propõe outra lógica econômica para a região de forma atrasada, mas bem vinda para se encaixar com a nova visão regional. Querem empurrar experiências exóticas na região sem ao menos testar a capacidade de organização da comunidade local, ao estilo ditatorial, atendendo os anseios de atores alienígenas. Vende-se a imagem de um projeto sócio-econômico ambiental desenvolvimentista, mais se esquecem de mostrar os resultados práticos. Aonde esta as tais experiências bem sucedidas no desenvolvimento sustentável para a região?Mostrem estes pequenos projetos de desenvolvimento sustentável, como; ecovilas, serra do Conduru e outros? Não precisamos que venham atores de outras regiões do globo ditar como devemos proceder e que rumo deveremos seguir,aceitamos sugestões,mas temos aqui mesmo pessoas com experiências e capacidade para se reunir em fórum e apontar nossos destinos.
O Governo Jaques Wagner não só quebrou a concentração de poderes como abriu um leque para a inclusão social para o semi árido baiano que há muito era tolido de investimentos simples mais de uma importância fundamental para o desenvolvimento de sua gente. Quando o governo abraça o estilo territorial, já esta adotando a construção de uma nova cultura política. A agricultura familiar esta recebendo no governo Wagner um tratamento diferenciado. A assistência técnica que estas comunidades estão recebendo passa pelo respeito as suas tradições culturais e a vocação natural da terra. De nada adianta alimentar a esperança de construir fabricas de chocolates finos em pequenas propriedades sem antes não provocar uma transformação profunda no modelo sociativista regional para dar acesso ao burareiro; sem antes identificar uma demanda concreta; sem uma política de garantias; sem crédito. O exemplo bem sucedido e isolado de um produtor não pode nem deve ser um exemplo referencia. Para que sejam válidas as condições devem ser as mesmas em todas as proporções inclusive nas oportunidades.

Na Bahia, no Brasil ou em qualquer parte do mundo é possível é possível criar projetos desenvolvimentistas com uma visão sustentável atendendo a todos os anseios sociais e priorizando a qualidade de vida em seu sentido mais amplo. Para isto o diálogo é fundamental. A participação das instituições de pesquisas é fundamental, no entanto é preciso que os resultados desta pesquisas não fiquem na mão de poucos para usar em beneficio próprio a exemplo de assessorias e consultorias.

O que podemos perceber é que há um movimento em marcha, orquestrado por interesses exclusos e conduzido por um pequeno grupo que deseja impor uma agenda ambiental para esta região numa tentativa de barrar o desenvolvimento regional.
*Administrador de Empresas,Técnico em Agropecuária e Repórter Fotográfico.

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Neocolonialismo

"Há hoje em curso um movimento orquestrado pelo egoísmo onde grandes empresas nacionais e estrangeiras, somam grandes áreas, expulsando aos poucos, os pequenos produtores familiares, através da aparente legalização da compra de terras. E não é só no mundo do agronegócio mas também no imobiliário litorâneo."