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08/06/2010

O PORTO E A FALSA POLÊMICA

Autor: *Ricardo Ribeiro
Jornalista e advogado
6/jun/2010 . 20:04




A rigor, o que existe em torno do Porto Sul é uma polêmica de mentira, pois está baseada em premissas falsas. Tentam vender a ideia de que o empreendimento será realizado em uma região intocada, onde os nativos vivem em perfeita harmonia com a natureza, o que é uma completa inverdade. Procuram também distorcer informações sobre o projeto, para causar a impressão de que ele trará o caos. São uns grandes profetas do apocalipse, mas é importante deixar claro: não passam de falsos profetas.
Uma informação a ser destacada é a de que o porto off-shore a ser construído no litoral norte ilheense ficará a 2 quilômetros da costa e utilizará uma retroárea de apenas 80 hectares. Em território baiano, o governo analisou todos os pontos possíveis e constatou que aquele trecho é o mais adequado, o que para a população regional só pode ser comemorado, em virtude dos benefícios em termos de empregos, desenvolvimento logístico e crescimento econômico, com reflexos na melhoria da qualidade de vida de milhares de pessoas.
Ademais, o cenário bucólico que alguns desejam pintar sobre a APA não suporta o peso da realidade. A degradação ambiental na área vem ocorrendo há décadas, graças à pesca predatória, à falta de saneamento básico, ao uso dos rios e da própria Lagoa Encantada como destino de lixo e outros dejetos.
Quem vive em comunidades como a de Areia Branca sabe que a quantidade de peixes não é mais a mesma de 20 anos atrás. Arpões e redes são usados por muitos pescadores, que se valem da falta de fiscalização. A pobreza e a falta de oportunidades favorecem o desrespeito ao meio ambiente.
Na APA da Lagoa Encantada, a maioria dos moradores vive com menos de um salário mínimo por mês e muitos não avançam com os estudos porque só existe escola até a quarta série do ensino fundamental, o antigo prímário. Falta água potável e por isso o que não falta é gente com verminoses. O atendimento médico é precário e os acessos por terra e água (o Rio Almada assoreado impede a passagem de embarcações em algumas épocas do ano) são complicados.
Não se sabe a quem interessa manter a comunidade da APA isolada, enquanto a área “de preservação” sofre por conta do mau-uso. Certamente, nessa história existe muita coisa além de supostas boas intenções.

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