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20/06/2010

IMPACTOS AMBIENTAIS DOS MANGUEZAIS DE ILHÉUS




Na Área de Influência Direta do Terminal Portuário (AID), cerca de 37% da cobertura das terras (excetuando-se as Áreas de Praia) correspondem à Formação Terras Baixas, e 15%, à Submontana (situada nas encostas dos planaltos e/ou serras entre os 4° de latitude N e os 16° de latitude de S a partir dos 100 m até 600 m). Na área a ser ocupada pelo empreendimento, 95% correspondem à Formação Terras Baixas, Área Diretamente Afetada (ADA)


A área acima trata-se da barra do Mamoã, a qual fica 2,5 km ao norte da AID


Além de plantios de cacau em Cabruca e dos Coqueirais, a região também apresenta outros tipos de vegetações antropizadas (processo de transformação por ação humana), que estão dentro do bioma de mata atlântica, como a Mata de Restinga, o Manguezal, as Áreas Brejosas e de Pastagem .Faremos uma explanação a respeito de cada bioma e a primeira da série é sobre os manguezais.





 Na Área de Influência Direta do Terminal Portuário AID, há espécies típicas de mangue, em manchas isoladas ao longo de todo o canal principal. A predominância é do mangue-vermelho (Rhizophora mangle), com presença do mangue-branco (Laguncularia racemosa) em pontos específicos, ao lado de outras espécies, como o algodoeiro-da-praia (Hibiscus pernambucensis ).


Foto Ed Ferreira-Mangue Branco
Na Área de Influência Indireta do Terminal (AII), principalmente ao norte, a população local utiliza bastante os recursos do manguezal, cortando madeira para a construção de cercas ou coletando caranguejos escassos carangueijos-uçá (Ucides cordatus ) para a alimentação.


Manguezal
Segundo Santos (1951), é uma comunidade vegetal característica de ambiente salobro, ocupando espaços bem delimitados na desembocadura dos rios e rasgados de mar. Esse ecossistema ocupa as costas baixas tropicais, inundáveis por ocasião de maré alta, possuem solos pantanosos e lamacentos estabelecendo-se uma vegetação adaptada ao teor de salinidade das águas. Com pouca variação entre as copas das árvores, ressaltando bem a homogeneidade relacionada com a textura uniforme.


São regiões próximas ao mar, que recebem tanto água salgada, pela ação das marés, como água doce dos rios que ali desembocam. Faixa de transição entre a terra e o mar, quase sempre, abrigados por rios e estuários. É constituído por uma vegetação lenhosa e arbórea, que coloniza solos lodosos, adaptados às condições específicas deste ambiente. No solo do lodo salgado e pouco arejado é rico em matéria orgânica e com baixo teor de oxigênio, desenvolvem-se plantas com adaptações muito especiais.

Apresentam uma grande variedade de espécies de microorganismos, macro-algas, crustáceos e moluscos, adaptados ás constantes variações de salinidades e fluxo das marés.





 © Ed Ferreira "
Detalhe de um manguezal conservado. Com suas espécies de Rhizophoras .



Os manguezais do Município de Ilhéus ocupam uma área de aproximadamente 1.272 há . São formados por espécies dos gêneros Rhizophora, Avicennia e Laguncularia. As áreas mais representativas estão localizadas na zona urbana do município, ao longo das margens e ilhas da porção estuarina dos rios Cachoeira, Santana, Fundão e Almada.




A lama negra, cheiro forte de matéria orgânica em decomposição que muitas vezes provoca asco, este é o manguezal. É considerada área de preservação permanente, por abrigar grande número de espécies marinhas que procuram essas regiões para se alimentar, representa fonte de sobrevivência de muitas espécies que usa o ambiente para a reprodução e perpetuação. Um berçário do mar e importante segmento da cadeia alimentar. Quando a mistura de água salgada com água doce, se sedimenta e se decompõem folhas e flores, pneumatóforos, raízes-escora e aéreas; desenvolvem-se sobre folhas caídas, galhos, propágulos, frutos, restos de animais e galhos, formando um substrato rico, onde se desenvolvem bactérias, fungos, algas e microorganismos que servem de alimentos para peixes, moluscos, camarões, ostras e crustáceos.




O homem hoje está inserido neste contexto, pois uma boa parte dos ribeirinhos tem no mangue sua fonte de renda e sustento dependendo diretamente desse ecossistema para alimentar a família. Por trás destas características, está um dos mais importantes meio biológico do nosso planeta, responsável por uma cadeia alimentar da fauna e da flora da região e dos mais longínquos recantos da terra.


A pressão antrópica é a principal preocupação. É a presença do homem, observador, morador, usuário, explorador e destruidor do ecossistema. Uma parcela significativa das áreas de manguezais de Ilhéus foi eliminada pela expansão urbana. A população dos manguezais dos Rios Cachoeira, Santana, Fundão, Itacanoeira, Engenho, Almada e mamoã, aumenta assustadoramente.


© Ed Ferreira - Familias são expostas a todo tipo de perigo no manguezal.
Os crustáceos perdem seu habitat e passam a conviver com dejetos jogados pelos invasores. Os manguezais que explodem em vida, verdadeiro berçário para diversas em espécies, hoje são vitima da falta de pudor do homem. E este por sua vez, por não planejar suas ações, recorre ao meio mais fácil que é invadir as áreas de preservação permanente. Com uma fauna variada de caranguejos, siris, camarões, guaiamus, aratus, ostras, sururu, búzios e chama marés.
A degradação provocada pela pressão antrópica do homem

          © Ed Ferreira_Flagrante de invasão de mangue em Ilhéus.
As áreas dos manguezais em toda Ilhéus estão sendo invadidas e conseqüentemente destruídas pelos sem teto. As invasões podem ser registradas diariamente em vários pontos ao redor da cidade, principalmente no bairro Teotônio Vilela ponto de uma grande invasão, são domingos, Hernani Sá e Mamoã. A situação já fugiu do controle, embora existam leis severas que punem exemplarmente quem agride o ecossistema, papel preponderante do Ministério Publico Federal.




"De acordo com Varjabedian (1995), os impactos antrópicos, tais como aterros sanitários, ocupação imobiliária, poluição por lançamentos de esgotos, entre outros, podem representar a destruição direta do manguezal, e em certos casos as mudanças podem ser irreversíveis. "


Todos os atores sociais envolvidos com as questões ambientais na zona costeira de Ilhéus, afirmaram ter ciência do status de área de preservação permanente que os manguezais possuem.



De 1980 até 2000, continuou ocupando o manguezal, através de aterros feitos inicialmente por invasores e, posteriormente, consolidados pela prefeitura, com a instalação de alguns equipamentos urbanos necessários à formação de um bairro, como ocorreu no Teotônio Vilela, a rua da Palha e Vila Nazaré que no começo eram apenas favelas de mangue. Depois se transformaram em dois bairros da cidade, a Vila Nazaré e o Teotônio Vilela, os quais, continuam crescendo entulhando os manguezais.

 Foto Ed Ferreira-Rua do Mosquito 
Um exemplo dessa degradação é o bairro Teotônio Vilela, que surgiu de uma grande invasão de manguezal.
Com o passar do tempo, os manguezais continuam sendo invadidos para a instalação de favelas e depois bairros. Em frente à rodoviária e ao longo da BR-415 (Ilhéus-Itabuna) e da BA-001 (Ilhéus-Itacaré), continuam ocorrendo os aterros (entulhamentos) no manguezal. Formam-se favelas com casas de madeiras e algumas de tijolos e com alguns estabelecimentos comerciais como: borracharia, oficina de carro, bar, ferro-velho, e outros.
Bairro Teotônio Vilela, antigo manguezal.A expansão urbana desordenada e o esgoto despejado sem tratamento adequado são as maiores causas da degradação ambiental dos rios das Bacias hidrográficas da região, como o Cachoeira e Almada.




A expansão urbana desordenada e o esgoto despejado sem tratamento adequado, são as maiores causas da degradação ambiental dos rios das bacias hidrográficas da região, como o Cachoeira e Almada.

A exemplo da rua do mosquito, situada em frente ao terminal rodoviário de Ilhéus, os moradores aterraram o mangue e construíram uma extensa e estreita rua para instalarem seus frágeis casebres. Paralelo a rua do mosquito estão sendo erguidas casas de alvenaria, entre o asfalto e o mangue. O próprio estado invadiu duas áreas de mangue para construir um presídio e mais recente uma estação de tratamento de esgoto. Enfrente a rodoviária há também uma série de invasões como várias oficinas.





Como essas áreas são insalubres, as famílias invasoras são alvos de várias doenças, com ênfase às dificuldade respiratórias, além de inúmeras outras, pois, sem energia elétrica, abastecimento de água tratada, esgotamento sanitário e com raros contatos com a área médica, vivem jogados a própria sorte , misturados aos dejetos e caranguejos numa convivência que destrói a ambos.


Bairro Teotônio Vilela em Ilhéus. Antiga área de manguezal, hoje completamente invadido, submetendo a população à uma série de doenças













Famílias que chegam de todos as direções da região cacaueira e passam a viver ou nas margens do rio ou no manguezal.

Habitat de milhares de espécies, mas hoje visivelmente invadido, não só pelos que ali buscam alimentos, mas também  por aqueles que constroem suas casas frágeis, submetendo-se a toda espécie de risco, assim como comprometendo todo o equilíbrio ecológico do local.



Bairro Teotônio Vilela, área degradada, aqui os moradores convivem diariamente com fluxo e refluxo das marés




Como o Manguezal é um bioma sensível e irrecuperável quando degradado, devem ser criadas estruturas de ordem municipal com apoio estadual e federal para uma constante fiscalização para evitar as invasões das áreas, sendo estas fruto da adaptação ao movimento das marés nos estuários de mar e rios. Além de apresentarem importância significativa para a cadeia alimentar e o equilíbrio ambiental, o mangue desperta interesses turísticos e científicos. Apesar da exuberância, demonstra sua fragilidade quando é alvo dos diversos tipos de agressões.
Estão cortando o mangue para dar espaço para outras culturas como o plantio da banana, mamão, coco, cana, etc, impedindo o reflorestamento natural dos manguezais. No local possui energia elétrica, o que contribui para fixação do “homem” no local e a aumentar as casas e os estabelecimentos comerciais no local e conseqüentemente aumentando a degradação do manguezal e posteriormente a virar um novo bairro na cidade.

Tensores de origem antrópica nos manguezais da área urbana de Ilhéus estão, essencialmente, relacionados à ocupação humana e ao uso inadequado do solo. Desmatamentos e aterros são realizados pela população de baixa renda como alternativa para o problema de moradia.
Invasão do Manguezal Norte, Momoâ, uma nova formação urbana.


 Estuário do Rio Almada

É comum o lançamento de efluentes domésticos e industriais sem tratamento, e a deposição de resíduos sólidos no ambiente estuarino. A identificação dos principais tensores, de acordo com o local em que ocorrem, poderia ser resumida da seguinte maneira:
Estuário do Rio Almada - lançamento de efluentes domésticos e resíduos sólidos do bairro São Domingos;
Estuário do Rio Fundão - recebe efluentes industrias e domésticos do distrito,industrial de Ilhéus; resíduos sólidos e efluentes domésticos do bairro Jardim Savoia são lançados diretamente no manguezal. Os mesmos problemas são observados na Vila Nazaré e bairro Teotônio Vilela, ambos assentados em áreas de manguezal. Boa parte do esgoto recolhido no município é lançado no estuário do Rio Fundão, em área de mangue;Estuário do Rio Santana -

 lançamento de efluentes domésticos e resíduos sólidos dos bairros Nelson Costa e N. Sra. da Vitória, Sapetinga e todo Pontal. A construção da barragem no Rio do Engenho e a captação de água para abastecimento público, reduziram o aporte fluvial e, possivelmente, de nutrientes de origem continental para os manguezais.E assim se repete nos demais estuários : Estuário da Barra Nova – Recebe resíduos plásticos, latas, lixo dos turistas;. Estuário do Mamoã- Completamente invadido por casas e barracos,Estuário do Sargy; Estuário do Cururupe.







Postes de Luz em pleno coração do Manguezal de Mamoã
Através de observações de campo, as referidas informações foram conferidas e atualizadas. Os impactos estão, essencialmente, relacionados à ocupação humana e ao uso inadequado do solo. Desmatamentos e aterros vêm sendo realizados pela população de baixa renda como alternativa para o problema de moradia.


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"Há hoje em curso um movimento orquestrado pelo egoísmo onde grandes empresas nacionais e estrangeiras, somam grandes áreas, expulsando aos poucos, os pequenos produtores familiares, através da aparente legalização da compra de terras. E não é só no mundo do agronegócio mas também no imobiliário litorâneo."