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13/07/2012

Hoteleiros apostam no Porto Sul como vetor de expansão do turismo


O  Sul da Bahia possui um dos mais belos  litorais do mundo, que atrai pessoas de todo o mundo a cidades como Ilhéus, Itacaré e Canavieiras. São mais de 200 quilômetros de praias e um patrimônio histórico e cultural consagrado nos livros de Jorge Amado. Ainda assim, o turismo é uma atividade incipiente, incapaz de suprir os efeitos da crise na lavoura cacaueira, que durante quase um século foi o sustentáculo da economia regional. Conciliar e expandir a atividade turística a partir da implantação de um novo modelo econômico que inclui a construção do Porto Sul, da Ferrovia Oeste Leste e de um aeroporto internacional em Ilhéus, é considerado fundamental por hoteleiros, comerciantes e operadores de turismo. Eles apóiam a construção da Ferrovia Oeste Leste, já em andamento, e do Porto Sul, projeto de R$ 3,5 bilhões que terá um porto público do Governo da Bahia e um terminal privativo, operado pela Bahia Mineração. 

O início das obras do Porto Sul depende da concessão da Licença Ambiental, em fase de avaliação pelo Ibama. Hanns Schaeppi, 84 anos, pioneiro na implantação do primeiro hotel voltado para o turismo, em 1981, e da primeira fábrica de chocolate, em 1985, em Ilhéus, é um dos defensores do Porto Sul. “O porto vai trazer novas oportunidades para a cidade, que estagnou por conta da crise na lavoura cacaueira, alavancando setores como a indústria e  o turismo, que depende muito do período de férias no Sul do País, e pode crescer com o setor de negócios”, afirma Hans. “Teremos um aeroporto internacional integrado ao Porto Sul, possibilitando a ocupação permanente da rede hoteleira, além de atrair eventos de médio e grande porte, como congressos, seminários”, destaca o hoteleiro e industrial, para quem “o futuro da região passa pelo Porto Sul, com  todos os empreendimentos que ele vai atrair”.
Empresário de Itacaré


O empresário Cleber Isaac Ferraz Soares, que administra um complexo que inclui condomínio residencial e hotel eco resort em Itacaré, foi um dos fundadores e presidente do Instituto de Turismo de Itacaré, secretário municipal de turismo  e idealizador do projeto Vilas do Rio de Contas, que visa o desenvolvimento do ecoturismo do Rio de Contas. Para ele, “Itacaré não sofrerá impactos negativos com a construção do Porto Sul e do Complexo intermodal. A cidade terá benefícios em função de seu enorme potencial para o turismo rural, ecoturismo e turismo de praia”. “Acredito que o desenvolvimento  que será gerado pelo Porto Sul e a Ferrovia, fortalecerá o turismo, respeitando o meio-ambiente e criando novas demandas, porque a economia regional passará por um processo de expansão”, disse Cléber Isaac, que motivado pela expectativa de novas oportunidades, está expandindo seus empreendimentos para Ilhéus e Canavieiras. 
Empresário de Ilhéus

Guido Paternostro, proprietário de um restaurante imortalizado por Jorge Amado em “Gabriela, Cravo e Canela”, o Vesuvio, ressalta que  é “a favor do desenvolvimento de Ilhéus e o Porto Sul significa justamente uma oportunidade  para que a região atraia novos investimentos”. De acordo com Paternostro, o complexo intermodal vai aumentar a renda da populaçãoi sulbaiana, com impactos positivos no comércio, prestação de serviços e no turismo. “Não entendo como as pessoas podem ser contra o Porto Sul, já que não é possível pensar em Ilhéus apenas como uma cidade turística, porque a atividade é sazonal e ainda incipiente”, afirma.
Ele cita ainda que “aumento de renda significa aumento de consumo, inclusive da freqüência a restaurantes e equipamentos de lazer”. “Entendemos que deva existir preocupação com o meio ambiente, mas o que degrada a natureza é a miséria, a exemplo das invasões de áreas de manguezais e de mata nativa, os esgotos jogados diretamente nos rios e as pessoas cortando madeira para sobreviver”, ressalta Paternostro.
PORTO E TURISMO SE COMPLETAM
Junior Machado, proprietário de um hotel que inclui um complexo de lazer e entretenimento em Ilhéus, diz que “o Porto Sul é um vetor de desenvolvimento para toda a região. E quando falamos em Porto, que se entenda a Ferrovia Oeste-Leste, o Aeroporto Internacional, a Zona de Processamento de Exportações, os investimentos em infra-estrutura e tecnologia, que vão atrair empresas de transformação”. Machado diz que “Ilhéus  possui um dos mais belos litorais do mundo e o aquecimento econômico vai expandir o mercado imobiliário, as pessoas pode conciliar trabalho e qualidade de vida”.
Para o hoteleiro, “os benefícios para o turismo serão inquestionáveis. O turismo de férias representa dois meses por ano, com o turismo corporativo teremos ocupação durante o ano inteiro. Essa é uma tendência mundial”. “Para ele, porto, ferrovia e turismo são atividades que se  completam, que não entram em conflito. Temos que somar esforços de toda a comunidade, porque Ilhéus e o Sul da Bahia precisam que o Porto Sul se torne realidade”.
AMPLIAÇÃO DA REDE HOTELEIRA

Empresário de Itabuna
Presidente da  Associação Comercial de Itabuna e diretor da Associação Brasileira da Industria Hoteleira (ABIH), o médico e hoteleiro Eduardo Fontes afirma que “desde a crise do cacau, essa é a grande oportunidade de desenvolvimento regional, porque além do Porto Sul e da Ferrovia Oeste Leste, ainda teremos uma Universidade Federal. Itabuna, como pólo de comercio, serviços e saúde dará um novo impulso à sua economia”. Eduardo Fontes, que construiu um hotel voltado para  o turismo de negócios em Itabuna, inicia no segundo semestre a construção de um novo hotel. “Esse é um investimento planejado por conta da minha confiança nos empreendimentos que surgirão a partir da implantação do porto e da ferrovia”, diz Eduardo Fontes.
O secretário de Turismo de Ilhéus, Paulo Moreira entende que o Porto Sul vai gerar emprego e renda e aquecer a economia regional. “Isso beneficiará a rede de hotéis,  pousadas, restaurantes e equipamentos de lazer, porque haverá um aumento do poder aquisitivo. O turismo deixará de ser uma atividade sazonal como é hoje”.
Pesquisa realizada pela empresa Sócio-Estatística, com o trade turístico de três municípios de influência do empreendimento, na região sul da Bahia, Ilhéus, Itacaré e Uruçuca/Serra Grande, apontou a aprovação do Porto Sul, com ampla maioria dos operadores do setor. Foram entrevistados 150 membros do setor e a pesquisa apontou que os integrantes creem que o empreendimento alavancará obras de infraestrutura e emprego. A percepção do setor é que a tendência será mais de atrair (49,4%) do que afastar os turistas (8,4%). Em relação aos turistas, o Porto Sul foi considerado como fator atração para 64% das 437 pessoas entrevistadas pelos pesquisadores, no município de Itacaré. Apenas 6% avaliam que o empreendimento afastaria os turistas.

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"Há hoje em curso um movimento orquestrado pelo egoísmo onde grandes empresas nacionais e estrangeiras, somam grandes áreas, expulsando aos poucos, os pequenos produtores familiares, através da aparente legalização da compra de terras. E não é só no mundo do agronegócio mas também no imobiliário litorâneo."